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O objetivo deste artigo é apontar a realidade tecnológica hoje que está presente de maneira implícita na obra cinematográfica, através da semiologia no audiovisual, seja por meio dos seus personagens ou cenas específicas no âmbito do enredo. Vamos para a análise e resumo sobre a franquia Matrix.

The Matrix é um filme de ficção científica e ação dirigido pelas irmãs Lilly e Lana Wachowski e lançado em 1999. A obra tornou- se um ícone dentro do mundo cyberpunk, subgênero de ficção científica que se caracteriza pelo avanço da tecnologia e a precariedade da vida.

O longa-metragem originou uma franquia de grande sucesso; inicialmente, tratava-se de uma trilogia composta por The Matrix (1999), Matrix Reloaded (2003) e Matrix Revolutions (2003). Já o lançamento de Matrix Resurrections, em dezembro de 2021, conquistou novas gerações de fãs para a saga cinematográfica.

The Matrix acompanha a aventura de Neo, um jovem hacker que é chamado para o movimento de resistência liderado por Morpheus, na luta contra a dominação dos humanos pelas máquinas. Morpheus lhe oferece dois comprimidos de cores diferentes: com um continuará na ilusão, com outro descobrirá a verdade.

O protagonista escolhe o comprimido vermelho e acorda em uma cápsula, descobrindo que a raça humana está dominada pelas inteligências artificiais, presa num programa de computador, servindo apenas como fonte de energia. Neo descobre que a resistência acredita que ele é o Escolhido, um Messias que virá libertar a humanidade da escravidão da Matrix.

Embora duvide do seu destino ao longo de todo o percurso, aprende a contornar as regras da simulação. Acaba conseguindo salvar Morpheus que tinha sido sequestrado e derrotar o Agente Smith depois de um duelo onde prova o seu valor como guerreiro e confirma que é o Escolhido.

No entanto, alguns traços de personalidade dos personagens ou cenas da ambientação na trama podem nos remeter a conceitos tecnológicos que são fatos reais no nosso cotidiano como por exemplo: backdoor, firewall, metaverso e realidade aumentada. Tendo como principal objeto de estudo essa alusão a tecnologia no primeiro filme da saga: The Matrix  lançado em 1999. Acompanhe na leitura a menção de cada assunto por tópicos individualmente.

Realidade aumentada e virtual: a realidade virtual é adquirida através da criação de um mundo tecnológico fechado com o auxílio de tecnologias 3D, inteligência artificial (IA), e deep learning. Enquanto a realidade aumentada pode ser reproduzida em qualquer lugar com o uso de dispositivos. Observe neste ponto a centralidade em torno da narrativa ambiental e distópica do filme, pois, na obra a humanidade está aprisionada por uma simulação embora não tenha conhecimento disso.


Essa realidade virtual chamada: A Matrix (O modelo) foi criada pelas máquinas para manter a sociedade humana sob seu domínio e sugar sua energia. Neo acorda desesperado, preso em uma cápsula com tubos atravessando o seu corpo. Está magro, fraco, como se seus músculos estivessem atrofiados. Percebe que, em volta, existem incontáveis cápsulas iguais com seres humanos lá dentro. Finalmente, saiu da simulação e chegou ao outro lado.

Firewall: quando se trata de cibersegurança é uma das melhores maneiras de visualizar e filtrar o tráfego que entra e sai de uma rede corporativa, porque limita a porta de entrada e saída apenas aos chokepoints que se abrem de acordo com uma série de regras pré definidas. Ou seja, ele atua como dispositivo de segurança da rede que monitora o tráfego de entrada e saída e decide permitir ou bloquear tráfegos específicos de acordo com um conjunto de regras definidas. 


O personagem Agente Smith representa a autoridade dentro da Matrix: a sua responsabilidade é manter a ordem e normas que regem o sistema e neutralizar a ação da resistência humana que se opõe à Matrix. Sendo parte de um programa de computador, possui capacidades que o tornam um inimigo quase impossível de derrotar. Embora não seja humano, exprime emoções como raiva e desespero.

Metaverso: seria um ambiente onde os seres humanos poderiam interagir tanto social quanto economicamente através de avatares no ciberespaço, o que funciona como um reflexo do mundo real, mas sem suas limitações físicas. A adaptação de Neo ao mundo fora da Matrix é lenta. Os músculos do seu corpo não estão desenvolvidos e a consciência não está conseguindo processar todas as informações que recebeu depois de ser resgatado.

Quando pensa que ele está pronto, o líder da resistência humana que possui um time que luta contra a Matrix e desenvolve um software que imita a sua programação, chamado de Morpheus leva Neo para um laboratório onde a equipe se reúne. Lá, o manda sentar numa cadeira, lhe entregando um visor para os seus olhos. Antes que o jovem volte a experimentar uma realidade virtual, avisa: “Isso vai ser um pouco estranho”.



Neo sente uma dor de cabeça forte e desmaia. Acorda com Morpheus numa sala totalmente branca e vazia. Morpheus começa a fazer aparecer objetos no espaço, como uma televisão e duas poltronas. Pode, então, lhe mostrar imagens do que aconteceu e contar a verdadeira história.

Neo percebe que estão participando de um programa da resistência que pretende imitar a Matrix. A sua aparência voltou ao “normal” e está usando as roupas de antigamente. Trata-se da sua auto imagem residual, a forma como cada um pensa, projeta ou lembra de si mesmo, ainda que não corresponda à realidade.

Backdoor: em um software ou sistema de computador é geralmente uma porta de curso não documentada que permite ao administrador entrar no sistema, solucionar problemas ou fazer manutenção. O grande problema do backdoor é quando for acessado por hackers e agências de inteligência para obter acesso ilícito, seja escravizar o computador ou espionagem. Por isso a expressão assume diversos significados e pode se referir a um ponto legítimo de acesso embutido em um sistema de programa de software para administração remota, ou uma falha para acesso criminoso.



A personagem mencionada na trama como Trinity é uma hacker famosa da resistência que parte em busca de Neo através da Matrix. Embora os agentes a subestimem por acharem que aparenta ser frágil, Trinity consegue escapar deles e derrotá-los diversas vezes. Ela protagoniza a primeira cena de luta, derrotando todos os adversários em meros segundos, com golpes que desafiam as leis da gravidade. Quando o Agente Smith aparece, o chefe da polícia diz que conseguem dar conta “de uma garotinha”, ao que ele responde: “seus homens já estão mortos”.   

Neste ínterim, ela já demonstra habilidades para dominar pontos de acesso do sistema Matrix e por ser uma das responsáveis em gerenciar um software que imita a estrutura desse sistema consegue desestabilizar-lo e auxiliar Neo a resgatar e salvar a vida de Morpheus insistindo em acompanhá-lo nesta missão de salvamento. Trinity acaba dirigindo um helicóptero que salva o líder e ambos conseguem atender os telefones a tempo e sair da Matrix, mas Neo fica preso e tem que lutar contra Smith.

Portanto além dos avanços da tecnologia e suas características no período do lançamento do filme serem fontes de inspiração um livro em específico também foi somado a obra cinematográfica por volta do ano de 1981, Jean Baudrillard publicou a obra Simulacros e Simulação, um tratado filosófico onde defende que vivemos em uma sociedade onde os símbolos, representações abstratas de alguma coisa, se tornaram mais importantes do que a realidade concreta.

Referências: Tecnoblog , Cultura Genial , RTM